Moro lança pacote anti-Moro

Empenhado em minar sua imagem, o ministro Sergio Moro instituiu um pacote formalizando medidas que jogam contra ele mesmo. “Percebi que a coisa já vinha acontecendo de modo desordenado, por isso resolvi apresentar um pacote que organiza o processo, com novas alternativas para queimar meu filme”, explicou na coletiva de imprensa.

Logo no primeiro item do pacote, o ministro se compromete a abrir mão não apenas do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), mas também da capa vermelha, do cinto de utilidades e da Manopla do Infinito. Ato contínuo, ele renuncia formalmente à função de agradar a José Padilha.

Moro ainda criou uma regra para emitir pareceres sobre a flexibilização de armas de fogo sem ser ouvido pelo governo: “Toda vez que tiver alguma recomendação nesse sentido, me comprometo a fazer um post no novo Orkut”, prometeu.

Para lidar com as denúncias que envolvem Flávio Bolsonaro, está prevista a instalação de uma pia de mármore em seu gabinete, a fim de que o ministro possa lavar as mãos a qualquer momento.

Depois de recuar da indicação de Ilona Szabó para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, levar passa-fora de Rodrigo Maia e criar o neologismo “conje”, Moro prometeu lançar um novo constrangimento todo mês. “A declaração de Jair Bolsonaro sobre a vaga no STF, que deu a entender que estabeleci essa condição para aceitar a pasta, faz parte do pacote. Ela já vale como constrangimento de maio.”

Ainda para este ano, está programado outro embaraço: “Parece que serei interpretado novamente por Marcelo Serrado na sequência de ‘Polícia Federal: A Lei É para Todos’”.

O pacote anti-Moro também garante que focinho de porco não é tomada de três pinos, perna de barata não é serrote e caixa 2 não é corrupção.

Por fim, mas não menos importante, o documento confirma que Moro não enxerga a cor laranja desde janeiro.

Ilustração de Débora Gonzales