Bolsonaro adere ao Boycott Brazil

Após desmarcar seu discurso na ONU porque já tinha manicure agendada, o presidente Jair Bolsonaro formalizou sua entrada no movimento Boycott Brazil. “Quero deixar bem claro que no tocante à questão de boicotar o Brasil, eu comecei antes disso virar modinha internacional”, discursou. Em seguida brigou com jornalistas e abandonou a coletiva.

Coube ao porta-voz do governo, Otávio do Rêgo Barros, explicar, de forma didática, o empenho de Bolsonaro em boicotar o Brasil. “O presidente poderia simplesmente ter mobilizado o governo para combater as queimadas na Amazônia, por exemplo. Mas não!”, disse Rêgo Barros, erguendo o dedo indicador, com incontido orgulho, num gesto shakespeariano.

Após listar as acusações sem provas contra ONGs, os embates com Macron, os ataques às demarcações indígenas, o porta-voz do governo explicou que a mesma lógica é usada para boicotar a educação. “O presidente poderia valorizar o professor, investir no ensino fundamental, prestigiar nossas pesquisas de ponta. Mas não!”, disse, repetindo o gesto shakespeariano com o dedo indicador, agora da outra mão.

Após listar os incentivos para alunos filmarem professores comunistas, o contingenciamento de gastos e o fato de Eduardo Bolsonaro estudar história nos vídeos do Brasil Paralelo, o porta-voz do governo explicou que a mesma lógica é usada para boicotar o combate à corrupção. “O presidente poderia valorizar a autonomia da Polícia Federal, do Ministério Público, do Ministério da Justiça. Mas não!”, reiterou.

Rêgo Barros repetiu o raciocínio para demonstrar o boicote à segurança pública. “O presidente poderia combater as milícias, os grileiros, mas não!” Também citou os boicotes à imprensa, à cultura, às flexões de braço e à libido.

E prometeu que o método vai continuar firme e forte. “Quando tudo estiver mais tranquilo nessa questão ambiental, o presidente levantará indícios de que as ONGs espalharam querosene pela Amazônia usando mamadeiras de piroca.”