Ilusionista assume como porta-voz de Bolsonaro
Decidido a implementar com mais profissionalismo o método da cortina de fumaça, Jair Bolsonaro nomeou Mandrake como seu porta-voz. “Toda vez que algum jornalista sem noção insistir com perguntinha sobre PIB, coronavírus ou me pentelhar com papinho de capitão Adriano, o Mandrake já sabe que é pra desviar o foco e fazer um truque”, disse o presidente.
Já na primeira coletiva de imprensa, ao ser perguntado se o presidente tinha realmente provas de que as eleições foram fraudadas, Mandrake agiu rápido. “Esse assunto é demasiadamente complexo para ser tratado com a costumeira leviandade da extrema imprensa”, explicou, enquanto punha um pano vermelho em
cima de uma urna eletrônica. Num golpe rápido, puxou o pano e, no lugar da urna, surgiu um imenso elefante branco.
Mandrake foi aplaudido de pé pela claque bolsonarista. O vídeo com a apresentação viralizou nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp como a melhor resposta já dada a jornalistas em uma coletiva de imprensa em todos os tempos no Brasil.
Animado, o ilusionista perguntou se algum jornalista voluntário gostaria de subir ao palco para ser serrado no meio. Houve silêncio. O número não foi realizado.
Mandrake, então, foi novamente ovacionado pela claque bolsonarista. Blogueiros enalteceram a coragem do mágico de confrontar a grande imprensa.
Ao observar que os jornalistas insistiam na pauta econômica, Mandrake ensaiou um número de levitação do PIB. Pelo truque, o PIB privado subiu 2,2% e o PIB público apresentou queda. “Isso que é bom para o país, mostra que, num passe de mágica, estamos transformando nossa estrutura burocrática e corrupta numa próspera e eficiente Alemanha”, discursou.
As perguntas econômicas, entretanto, persistiam. Exausto com a resiliência dos jornalistas, Mandrake arriscou um número de hipnose coletiva. “Olhem para esse fuzil balançando… Vocês vão dormir… Imaginem que estão em 1968… Abaixem as câmeras… Pensem no que teriam coragem de perguntar…”. O truque não funcionou. Apenas manteve alguns blogueiros e comentaristas de rádio no transe que já se encontravam.
Para surpresa geral, no final da coletiva, Mandrake, respondeu a uma pergunta. “Olha, eu não sei se Houdini se sairia melhor que Regina Duarte na Secretaria da Cultura. O grande mágico tinha as mãos atadas por correntes, camisas de força e era colocado debaixo d´água. Mesmo assim conseguia se safar. O caso da Regina parece ser mais complexo”, concluiu.