Como o Satanás agiria em tempos de coronavírus?
“Meu amigo e minha amiga, não se preocupe com o coronavírus. Porque essa é a tática, ou mais uma tática, de Satanás. Satanás trabalha com o medo, o pavor. Trabalha com a dúvida. E, quando as pessoas ficam apavoradas, com medo, em dúvida, as pessoas ficam fracas, débeis e suscetíveis. Qualquer ventinho que tiver é uma pneumonia para elas”, afirmou o bispo Edir Macedo no dia 15 de março. Depois, apagou o vídeo.
Muita gente mudou a percepção sobre o coronavírus, e o bispo pode até ter mudado a dele. Como não voltou ao assunto, tem trabalhado com a dúvida. Mas o que me interessa aqui é o seu conhecimento sobre o modus operandi de Satanás. Edir Macedo é uma respeitada autoridade no assunto.
Por isso, proponho um exercício: como o Tinhoso agiria em tempos de coronavírus?
Com certeza, na largada, poria o vírus em dúvida. Talvez o chamasse de um “resfriadinho”, uma “gripezinha”.
Desacreditaria todas as iniciativas para combater a pandemia. Poria em dúvida os meios de comunicação que propagam informações checadas e respaldadas pela ciência.
Criaria desavenças com governadores, prefeitos e médicos respeitados que agissem de forma prática para salvar vidas.
Espalharia mentiras para alimentar o medo do desabastecimento nos supermercados, o pavor da convulsão social. Seria capaz de distorcer discursos de importantes órgãos de saúde. Mentiras diárias, frequentes, para massacrar a noção de realidade.
Com a realidade descolada, o Coisa Ruim poderia insuflar os sentimentos bitolados de frustração, vingança e ódio entre seus fiéis.
Para isso, criaria inimigos imaginários o tempo todo.
Belzebu poderia contaminar por dentro algumas religiões com esses paralelos de ódio, vingança e individualismo. Nessas religiões, o amor ao próximo e o perdão seriam atribuídos aos inimigos.
Mas o Capiroto pode ser mais cruel ainda. O Ardiloso poria sua própria dúvida em dúvida. Após provocar brigas intermináveis, discursaria pedindo a união de todos. Após minimizar a “gripezinha”, maximizaria o desafio de enfrentá-la. E, no dia seguinte, voltaria a comprar brigas e minimizar a doença.
Sucessivas voltas de 360 graus. O Diabo na rua, no meio do redemoinho. Afinal, o que vale é a confusão. Satanás trabalha com a dúvida.