Paulo Guedes anuncia privatização da pobreza
Empenhado em reformar o Estado, o ministro Paulo Guedes anunciou um pacote disruptivo de medidas para exterminar a pobreza. “O primeiro passo é delegar a responsabilidade pelos pobres para a iniciativa privada. Já chega! Isso não tem que ser preocupação nossa. Vamos privatizar as favelas, os subúrbios e toda a periferia”, explicou.
Segundo a equipe econômica, a privatização da pobreza vai gerar milhões de empregos e vai injetar mais de R$ 1 trilhão nos cofres públicos. “O pobre criou uma relação de dependência do Estado. Quer consulta médica? Procura o Estado. Quer matricular o filho numa escola? Estado! Tudo é o Estado! Finalmente conseguimos institucionalizar a política do Estado mínimo. Para os pobres”, explicou.
No pacote, está prevista a criação do Imposto sobre Grandes Pobrezas, o ISGP. “Quem ficar pobre vai pagar mais. Isso é um incentivo para que pessoas arrumem força de vontade para enriquecer. É o maior projeto para redução da desigualdade social que esse país já viu”, explicou Caco Antibes, coordenador federal para assuntos de pobreza.
A privatização da pobreza pretende criar uma legião de empreendedores individuais. “É o trabalhador do século 21. Aquele que faz os seus horários, faz sua própria vida, faz seus próprios direitos trabalhistas e faz sua própria rede de proteção social. Como os entregadores de aplicativos, motoristas de Uber, cortadores de cana de açúcar”, elogiou o economista Roberto Constantino. “A nota de R$ 200 funciona como um ótimo estimulante. Decisão acertadíssima.”
O planejamento, coordenado pelo deputado Justo Veríssimo, prevê a venda da Cidade de Deus para um consórcio que pretende transformá-la num estacionamento. “Assim como a reforma trabalhista e a reforma da Previdência, vamos gerar empregos como a curva da Nike”, explicou. Já estão adiantadas conversas sobre a venda de todas as reservas indígenas para a Amazon, a gestão de Roraima pela Disney e a realização de um IPO do Capão Redondo na Ibovespa.
Com a arrecadação, o governo pretende investir em áreas prioritárias, como o centrão. “Em situações de crash, temos que ter coragem de realizar o downsizing para moldar um business model baseado na experiência do underprivileged e seus stakeholders com o coworking”, explicou um colunista liberal.
O senador Flávio Bolsonaro adiantou que as privatizações poderão ser feitas no crédito e no débito. “Aceitaremos até cheques”, confirmou.