Descoberta a vacina anticorrupção

Débora Gonzales
Renato Terra

Dando prosseguimento ao plano de resolver questões complexas com soluções primárias, o presidente Jair Bolsonaro anunciou uma vacina contra a corrupção. “Já adianto que não posso obrigar ninguém, nem mesmo meus filhos, a tomar essa vacina”, discursou.

Em seguida, o astronauta Marcos Pontes exibiu uma foto da cordilheira dos Andes. “Esse gráfico mostra como a vacina reduz a corrupção em pacientes. Vejam como a montanha mais alta está no início do gráfico e a mais baixa no final”, explicou.

A vacina funciona à base de um vermífugo de baixo custo cujo nome genérico é milicianol. Pontes explicou que a dose deve ser aplicada entre as nádegas dos pacientes. “Num primeiro momento, a substância provoca uma reação da cútis, que passa a produzir uma camada de óleo de peroba que acaba dificultando a fixação de dinheiro no fiofó. Em seguida, o organismo cria anticorpos que sequestram o sistema imunológico e prometem acabar com quaisquer impulsos de corrupção. Em troca, os anticorpos exigem uma dose diária de açaí da Wal.”

Pontes admitiu: “Eu mesmo fui voluntário nos testes. Depois da vacina, tentei fazer 48 depósitos de R$ 2.000 no caixa eletrônico. Já no quinto depósito, os anticorpos começaram a reagir. Tomei choques elétricos até cair no chão. Para reidratar, tive que tomar um balde de açaí da Wal”, explicou, animado.

Algumas pessoas relataram efeitos colaterais. Chamou a atenção o caso de uma paciente de Bauru que sofreu uma redução de MITOcôndrias, comprometendo a respiração celular. De acordo com o protocolo do milicianol, ela precisará de uma infusão de gás a partir de um botijão de gás adquirido em Rio das Pedras. Já um idoso de Campinas teve um princípio de entupimento arterial, resolvido com um “gatonet”.

O estudo completo, no entanto, não foi divulgado para o público. Segundo o governo federal, os detalhes não podem ser publicados porque a pesquisa foi submetida a uma revista internacional e ainda está sujeita a revisão. Questionado sobre o nome da revista, Bolsonaro consultou Pontes e respondeu: “Revista Mad”.

No final da coletiva, o presidente encheu o peito: “A vacina não tem comprovação científica de que é eficaz e nem que não é eficaz”, celebrou. O presidente ainda não confirmou se tomará sua dose.