Em 2021, profissões como o sommelier de vacinas e o coach de fracassos despontarão

No fim de 2020, teve início a era de Aquário. Como todos sabem, isso quer dizer que permaneceremos mergulhados em cápsulas de vidro, respirando com dificuldade e sendo alimentados por uma mão que entra por uma fresta de nossa porta.

Mas tudo indica que 2021 será ainda mais terrível que uma ressaca de sidra Cereser. Caso a população brasileira seja logo vacinada em massa, teremos o retorno de um fenômeno devastador: as patinetes elétricas.

Pelas redes sociais, despontarão novas profissões. O sommelier de vacinas, por exemplo. Como um Ed Motta com fumos científicos, o sommelier de vacinas desenvolverá a aptidão para perceber nuances que trazem notas de Coronavac, aromas oriundos de tonéis de Pfizer enriquecidos em gelo seco, infusões cítricas maceradas pela Fiocruz.

Diante de um mercado pródigo em vacinas, o sommelier será capaz de identificar a mais apropriada ao paladar de nossas elites.

Ressentidos, preguiçosos e fracassados em geral encontraram refúgio nas tragédias imobilizantes de 2020. Ficou mais fácil justificar a inércia num ano que nos forçou à quarentena.

O coach de novos fracassos ajudará essas pessoas a encontrar novos obstáculos para continuar a não percorrer o caminho da vida. E, claro, fornecerão munição para novas teorias da conspiração e fomentos negacionistas.

Ombro a ombro com o movimento antivacina, novas correntes de pensamento vão emergir. É o caso do movimento antioxigênio, cujos integrantes se negarão a respirar matéria invisível ao alcance de todos, de graça, e que não pode ser privatizada. Um elemento químico claramente comunista. Com a respiração presa, o grupo organizará passeatas na avenida Paulista, priorizando a inalação de gás hélio e nitrogênio.

Na mesma linha, o movimento antiereção pregará o celibato total, com o intuito de barrar no país a proliferação de mais crianças indefesas. Desejo abaixo de tudo. Brochada pra cima de todos.

O governo estatizará o “Big Brother” e transformará a Abin numa nova Stasi.

Por fim, a previsão para a próxima década: o ecossistema que mais crescerá será a Amazon. Talvez o único.