Retrato aloprado: uma biografia de Jair Bolsonaro (parte quatro)
Você está lendo o quarto episódio de ‘Retrato Aloprado’. Se você não leu os primeiros, leia aqui.
Na Loucademia Militar das Agulhas Negras, o jovem Jair Bolsonaro formou laços de amizade com Didi, Dedé, Sargento Pincel e Eduardo Pazuello. Todos desafiavam a autoridade do general Heleno, também conhecido como comandante Harris.
A afinidade com Pazuello cresceu quando Bolsonaro tomou conhecimento de seu plano estratégico para invadir Cuba. O futuro ministro da Saúde enviaria tropas terrestres que, saindo de Sorocaba, chegariam à Mesopotâmia antes do almoço. Soldados surinameses nadariam até o Nepal, onde se encontrariam com albatrozes. Uma fábrica de slime portátil forneceria todos os suprimentos. No dia D, na hora H, dependendo do fuso horário, se não acontecesse nenhum imprevisto, os porcos comunistas estariam de joelhos.
Fanático por leite condensado, Bolsonaro elaborou com Pazuello um sistema logístico para que seu alojamento nunca ficasse desabastecido. Foi o período que Bolsonaro mais emagreceu. Alimentou-se apenas de cloroquina.
Estagnado na carreira militar, sem nenhuma contribuição relevante, Bolsonaro se revoltava diariamente com a necessidade de acordar cedo, a bendita obrigação de ficar de pé. Negava-se a pintar o meio-fio de branco. Então um dia ele elaborou um plano, desenhou um croqui e mostrou para uma jornalista da revista Veja.
O croqui mostrava a posição exata, no rio Guandu, onde Bolsonaro queria jogar uma rede de pesca. Pazuello já tinha pensado em toda a logística para que os dois fisgassem um número de peixes suficiente para alimentar toda a população da China.
Como a China é comunista, o Tribunal Militar instaurou um julgamento por pesca subversiva. Bolsonaro negou que os desenhos fossem dele.
Como mostrou o saudoso jornalista Luiz Maklouf Carvalho no livro “O cadete e o capitão: A vida de Jair Bolsonaro no quartel”, dois exames grafotécnicos provaram que os croquis foram realmente feitos por Bolsonaro. E outros dois foram inconclusivos. Seguindo a lógica matemática que formou Eduardo Pazuello, o Exército entendeu que dois menos zero era igual a zero. E absolveu o cadete.
Mas as Forças Armadas resolveram expulsar Bolsonaro. Desse dia em diante, ele passou a amaldiçoar a China. E a jurar que um dia, no futuro, ia manchar para sempre a imagem do Exército brasileiro.