Acossado pela iminente derrota nas eleições de 2022, Jair Bolsonaro resolveu passar recibo de uma maneira diferente. “Olha aqui, tão vendo? Tô passando recibo, sim!”, disse o presidente aos apoiadores enquanto sacudia um papelzinho. “Recibo tá impresso aqui, viu? Podem recontar, auditar, questionar e vão ver que tô passando recibo mesmo”, completou.

Integrantes do governo garantem que Bolsonaro mandou imprimir uma cópia do recibo. “Mas uma cópia só. Ele não admite uma terceira via”, explicou Onyx Lorenzoni. Uma fonte ligada ao Planalto confirmou que o presidente não confia no golpe de Estado eletrônico.

Especialista em comprar imóveis usando dinheiro impresso, o senador Flávio Bolsonaro elogiou a iniciativa do pai. “Tive uma experiência bem-sucedida como vendedor de chocolates e sei que não podemos confiar nos registros online”, assegurou. Michelle Bolsonaro, célebre divulgadora do cheque impresso, concordou.

A Secretaria de Comunicação da Presidência da República emitiu uma nota impressa dizendo que o voto impresso e auditável tem por finalidade assegurar a transparência das eleições.

“O governo Bolsonaro sempre zelou pela transparência. Quando o presidente impõe sigilo de cem anos sobre acesso dos filhos ao Planalto, está atuando em nome da transparência. A mesma coisa quando divulga, com clareza, o cronograma completo com as contundentes atitudes que tomou assim que ouviu a denúncia de Luis Miranda sobre as evidências de corrupção na compra de vacinas. Ou quando esta Secom divulga, com transparência, as fotos mostrando que Jair Bolsonaro se vacinou. A exigência pela transparência vem de cima e influencia todas as escalas do governo federal. Temos orgulho da forma límpida como o governo negociou a compra de vacinas e de como os funcionários dos gabinetes da família Bolsonaro rachavam seus salários de maneira transparente. Vibramos com a maneira transparente com que Sergio Moro denunciou interferências transparentes na Polícia Federal. E de como o presidente usava, de forma transparente, o apartamento funcional para comer gente.”

Dono de um pensamento linear e transparente, Carlos Bolsonaro concordou: “Os hipotálamos dos hipopótamos gozadinhos se lambuzam com os tucanos que voam de viés pelo cume calmo do meu olho que vê a sombra sonora de um disco voador”, explicou, com clareza.

No final do dia, Bolsonaro enviou xingamentos impressos a jornalistas independentes.