Renato Terra https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br Humor acima de tudo. Golden shower em cima de todos Wed, 01 Dec 2021 14:27:42 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Darwin, agora é com você: uma canção para os antivacina https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/09/30/darwin-agora-e-com-voce-uma-cancao-para-os-antivacina/ https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/09/30/darwin-agora-e-com-voce-uma-cancao-para-os-antivacina/#respond Thu, 30 Sep 2021 20:48:30 +0000 https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/2021_09_31_Folha_RenatoTerra-blog-copia-300x215.jpg https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/?p=2170 Darwin

Meu tio ouvia Jovem Pan
E se informava nos grupos de Telegram
Negacionismo sabia de cor
E mesmo assim ainda podia ser pior
Me deu conselho pra não vacinar
Kit Covid começou a receitar

Mas meu tio ficou malzão
Pronadão, quase foi para o céu
Depois da internação
Voltou pra casa só porque deu sorte
Diz que o que o salvou
Foi tratamento precoce

Eu disse Darwin, agora é com você
E não vai adiantar
Brigar vai me fazer sofrer

Darwin agora é pra valer
Eu fiz o meu melhor
E esse destino eu sei de cor

E três dias depois de sofrer
Meu tio não queria saber
Celebrava a liberdade de escolha
E não queria ver além da bolha
E todo dia antes do sol sair
Ele mandava trinta fake news

Às vezes acho que não vai dar pé
Eu queria fugir ou virar jacaré
Eu sei muito bem o que ele quer dizer
Pro meu tio a doença é votar no PT

Eu disse Darwin, me diz o que fazer
Meu tio é major
Seu desatino eu sei de cor

E então um dia uma nuvem de poeira veio
E sobrevoou a cidade de Ribeirão Preto
E o cheiro das queimadas eu sentia
A maior selva do mundo virar bosta
Eu queria chorar, mas o gado gosta

Enquanto a gente queima nossos campos
Aumenta carne e aumenta o frango
E também sobe gasolina
E o governo só na rachadinha
E toda noite o meu tio orava
Deus em nome de tudo
Malafaia
Dez anos passaram, meu tio não mudou
Se mudou pra Virgínia, virou professor

Chorei, meu tio disse mother fucker
E que o Donald Trump
Dá um jeito e volta

Eu disse Darwin, agora é me benzer
Eu fiz o meu melhor
Eu quero mesmo ouvir Belchior

(Com contribuição de Thiago Souza e Marcos Frederico)

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Laço entre Bolsonaro e Queiroz inspira Dia Internacional da Amizade https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/07/29/laco-entre-bolsonaro-e-queiroz-inspira-dia-internacional-da-amizade/ https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/07/29/laco-entre-bolsonaro-e-queiroz-inspira-dia-internacional-da-amizade/#respond Thu, 29 Jul 2021 20:00:11 +0000 https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/2021_07_29_Folha_RenatoTerra-blog-copy-300x215.jpg https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/?p=2024 Após homenagear o Dia do Agricultor com a foto de um homem armado, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência anunciou as próximas campanhas comemorativas.

30 de julho, Dia Internacional da Amizade. Fabrício Queiroz aparecerá abraçado à família Bolsonaro. Todos, sorridentes, empunharão uma réplica do rifle automático do tipo M16 usado por Tony Montana em “Scarface”. Na legenda da imagem, a célebre frase “Say hello to my little friend”.

1º de agosto, Dia Mundial da Amamentação. Para incentivar o aleitamento materno, o governo divulgará a imagem de uma mulher usando uma submetralhadora para alimentar um bebê com rajadas de leite.

8 de agosto, Dia dos Pais. Para esta data tão significativa, a Secom escolheu uma foto de Jair Bolsonaro com chapéu de vaqueiro montado na Bomba Termobárica de Aviação de Poder Aumentado, que o governo russo divulgou como “o pai de todas as bombas”.

9 de agosto, Dia Internacional dos Povos Indígenas. Para celebrar a inclusão dos povos indígenas, foi programada a inauguração do Borba Gato restaurado por Romero Britto. Na nova estátua, o corajoso bandeirante trará sua arma apontada para a fuça de quem vier de gracinha.

Ilustração de Débora Gonzales, publicada em 29 de julho de 2021

10 de agosto, Dia da Solidariedade Cristã. Uma pintura a óleo será inaugurada no teto da Capela Cloroquina. Na imagem, Deus fará arminha com as divinas mãos e tocará os dedos de um homem de bem, que também faz arminha com as mãos, essas, humanas. Ao lado, Jesus realiza o milagre da multiplicação de munição traçante.

13 de agosto, Dia do Canhoto. Todo mundo sabe das dificuldades que os canhotos têm de manusear um fuzil. A abertura de ejeção da cápsula, por exemplo, é um entrave importante para a inclusão dessa minoria na sociedade. No Dia do Canhoto, a Secom apresentará também uma seleção de coldres sob medida para os sinistros.

14 de agosto, Dia do Cardiologista. Será lançada nova versão do Placar da Vida, informando quantos brasileiros não infartaram na véspera do referido dia.

Todo dia é Dia da Michelle Bolsonaro. Depois de ganhar três medalhas do governo em 2021, além de cheques de Queiroz, Michelle Bolsonaro é contemplada com uma comemoração no calendário oficial. Todo dia, às 17h, todos devem orar em nome de Michelle, de joelhos, em direção a Rio das Pedras.

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CPI é instaurada para investigar aluno que explodiu bomba de fezes na escolinha https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/05/20/cpi-e-instaurada-para-investigar-aluno-que-explodiu-bomba-de-fezes-na-escolinha/ https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/05/20/cpi-e-instaurada-para-investigar-aluno-que-explodiu-bomba-de-fezes-na-escolinha/#respond Thu, 20 May 2021 20:00:32 +0000 https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/2021_05_20_Folha_RenatoTerra-blog-300x215.jpg https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/?p=1887 Na manhã de terça-feira, Joãozinho pôs uma tachinha na cadeira da professora e um ovo no escapamento do carro do diretor. Em seguida acendeu uma bombinha no banheiro e provocou uma explosão de fezes. Com tinta vermelha, escreveu “O DIRETOR É BROCHA” no pátio.

Todas as traquinagens foram vistas por colegas, professores ou inspetores. As câmeras da escola registraram tudo. Em vez de expulsar o aluno, a direção da escola resolveu instaurar uma Comissão Pedagógica de Inquérito e chamou Joãozinho para se explicar.

Diretor: “Joãozinho, você chamou o diretor de brocha?”.

Joãozinho: “Nunca”.

Diretor: “Mas está escrito no pátio e as imagens mostram você escrevendo com um pincel”.

Joãozinho: “Essa é a sua interpretação”.

Ilustração de Débora Gonzales para coluna de Renato Terra publicada na Folha de S.Paulo em 21 de maio de 2021

Professora: “Ele está mentindo, diretor. O senhor tem que avisar os pais dele”.

Diretor: “Não sou idiota. Não façam dessa CPI um tribunal que puna as pessoas antes que sejam julgadas. Todos nós aqui já sofremos injustiça na pele”.

Professora: “Mas eu vi o Joãozinho pintando o pátio! Também vi quando ele botou uma tachinha na minha cadeira, e não foi uma vez só! Vivo dizendo pra ele não fazer isso. Não aguento mais!”.

Joãozinho: “Em hipótese alguma. A professora nunca me deu ordens diretas para nada”.

Professora: “Mas eu falei com você hoje mesmo!”.

Joãozonho: “Vou explicar uma coisa: uma fala não é uma ordem. Uma ordem é uma ordem direta verbal ou por escrito. Nunca foi dada. Nunca”.

Diretor: “Joãozinho, você estourou uma bombinha no banheiro?”.

Joãozinho: “Mandei o rojão para os órgãos de controle, a resposta foi: não assessoramos negativamente”.
Diretor: “Órgãos de controle? Que maluquice é essa?”.

Professora: “Isso é coisa do Diego e do Enzo. São unha e carne com o Joãozinho”.

Joãozinho: “Não há nenhuma influência do Diego e do Enzo! E volto a dizer: eu achava que eu ia me encontrar mais com eles, mas não houve isso”.

Nesse momento, Enzo entra na sala berrando.

Enzo: “Vaca amarela cagou na panela quem falar primeiro come toda a bosta dela”.

Uma confusão foi armada e os trabalhos foram interrompidos. O julgamento de Joãozinho será retomado na semana que vem. Enquanto isso, o pintalegrete continua frequentando normalmente as aulas e foi eleito representante de turma.

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O palestrinha de centro acadêmico quer se alinhar à esquerda, mas sua sensibilidade é uma cuia de barro https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/04/22/o-palestrinha-de-centro-academico-quer-se-alinhar-a-esquerda-mas-sua-sensibilidade-e-uma-cuia-de-barro/ https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/04/22/o-palestrinha-de-centro-academico-quer-se-alinhar-a-esquerda-mas-sua-sensibilidade-e-uma-cuia-de-barro/#respond Thu, 22 Apr 2021 17:00:24 +0000 https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/files/2021/04/2021_04_22_Folha_RenatoTerra-blog-300x215.jpg https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/?p=1816 Um palestrinha de centro acadêmico vai parar de ler esta coluna. É o suficiente para um julgamento definitivo. Decretará meu cancelamento. Não sem antes fazer um discurso.

Isso é muito grave. Estamos num momento tão crítico. Não é o momento de fazer humor. Não. Não precisamos falar sobre Rodrigo Hilbert. Não é o momento de celebrar Roberto Carlos, de cantar “Ragatanga” no chuveiro, de fazer cosquinha. Não.

O palestrinha de centro acadêmico mora na cobertura do Olimpo dos Imaculados. E sempre sobe de escada. De lá, usa o dedo em riste para flutuar organicamente numa bacia de leite com pera. Seu mundo não tem maldade, contradições, ruídos. Ele mesmo nunca colocou sal num café por engano. Seus cadarços nunca desamarraram.

No bolso da camisa de flanela cuidadosamente amassada, traz sempre uma procuração assinada por Brizola que lhe permite falar em nome do povo. E faz isso com frequência nas redes sociais. Qualquer assunto que não seja autorizado por ele está proibido. Quando o assunto está permitido, há que se verificar se a abordagem é a que ele julga correta.

Sua característica fundadora é a dissidência. Tende a se alinhar às pautas de esquerda, mas sua sensibilidade é uma cuia de barro que sempre cava com a intenção do rompimento.

Desiludiu-se com todo o movimento estudantil depois de discordar das interpretações sobre a luta de classes que um colega arriscava numa mesa de bar. Já foi guarani-kaiowá, mas rompeu com os povos indígenas. Brigou com Cyro Garcia por considerá-lo burguês. Abandonou um grupo progressista porque ninguém se ofendia com o fato de Marcelo Freixo morar no Leblon. Quebrou duas moviolas quando ouviu um elogio a Tabata Amaral. Deixou de frequentar churrascos por considerá-los um evento de direita.

Isolado em si mesmo, o palestrinha de centro acadêmico é uma ilha no vasto e plural território da esquerda. Mesmo assim, se tornou o guardião das pautas identitárias. Assuntos importantes só evoluem caso estejam em consonância messiânica com suas virtudes.

Ora é oráculo, ora é esfinge.

Debates fundamentais têm dono, território e burocracia. O humor está morto abraçado com a farofa da autoironia. A lente de aumento está voltada para o umbigo. Isso é muito grave. Estamos num momento tão crítico.

A sociedade, com jeitinho, pede permissão para progredir. Especialmente a esquerda.

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Governo Bolsonaro parabenizaria o centenário da Folha negando o centenário da Folha https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/02/25/governo-bolsonaro-parabenizaria-o-centenario-da-folha-negando-o-centenario-da-folha/ https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/02/25/governo-bolsonaro-parabenizaria-o-centenario-da-folha-negando-o-centenario-da-folha/#respond Thu, 25 Feb 2021 19:36:41 +0000 https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/files/2021/02/2021_02_26_Folha_RenatoTerra-blog-300x215.jpg https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/?p=1658 O centenário da Folha colecionou centenas de aspas ilustres nas páginas da Folha. Todos os colunistas da Folha parabenizaram a Folha pelo centenário da Folha.

Aqui nesta coluna, como de costume, você encontra algumas declarações que nunca foram feitas.

Jair Bolsonaro: “Tenho provas de que venci as eleições no primeiro turno e de que a Folha não tem esses 100 anos que estão dizendo aí. Mais uma fake news! Destaquei o general Pazuello pra ajudar na logística de recontagem disso aí”.

Eduardo Bolsonaro: “STOP THE PARABÉNS”.

Flávio Bolsonaro: “Não são 100 anos. Mas 50 aniversários de dois anos”.

Carlos Bolsonaro: “O centenário teatro das tesouras volta a agir mais descarado: os traíras vermelhos com seus porcarias sopram as velinhas com seus gulosinhos biografados! Os brigadeiros levam bolo. Com quem será que a Folha vai casar?”.

Adriano Machado/Reuters

Olavo de Carvalho: “A Folha é redonda”.

Allan dos Santos: “A informação que recebi AGORA é MUITO BOA. Assustadora, mas é boa. Ainda preciso verificar os detalhes, o resumo é esse: a Folha nunca foi fundada, mas quer provar a fraude de que tempo e espaço são relativos e estão profundamente entrelaçados. Para provar, precisou ‘deixar’ Pondé ‘agir’”.

Alexandre Garcia: “O ano 100 é o ano. Não é antes do ano nem depois do ano. Antes do ano é uma antecipação que pode ser prejudicial. Depois do ano é engano. Vai ser no ano”.

Damares Alves: “A Cecília Meireles vai voltar pra acordar a Tati Bernardi com um beijo gay”.

Ernesto Araújo: “Eu é que não me sento no trono de um apartamento com a Folha Ilustrada cheia de Laertes esperando o lockdown passar. Porque longe das velas enfileiradas que iluminam umbrais, no cume calmo do meu olho que vê assenta a sombra sonora dum disco voador”.

Ricardo Salles: “Parabéns pelo uso industrial de papel pelos últimos 100 anos”.

Rodrigo Constantino: “100 anos é pouco! Dá bilhão? Não”.

Augusto Nunes: “E o PT? Nunca chegará aos 100 anos”.

Alta cúpula do Exército: “100 colheres de Leite Moça. 3 xícaras de farinha transportada de avião. 3 ovos. 64 colheres de vaselina. Deixe ferver por 21 anos até ferver a dívida externa”.

General Mourão: “Parabéns ao jornal Folha de S.Paulo pelos 100 anos de jornalismo combativo e plural”.

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Retrato aloprado: uma biografia de Jair Bolsonaro (parte final) https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/02/18/retrato-aloprado-uma-biografia-de-jair-bolsonaro-parte-final/ https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/02/18/retrato-aloprado-uma-biografia-de-jair-bolsonaro-parte-final/#respond Thu, 18 Feb 2021 19:57:42 +0000 https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/files/2021/02/2021_02_19_Folha_RenatoTerra-blog-300x215.jpg https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/?p=1643 Você está lendo o sétimo episódio de Retrato Aloprado. Se não leu os outros, clique aqui.

Em 2018, Bolsonaro se preparou para o grande passo de sua carreira. Como deputado, passava os dias de papo pro ar e ainda usufruía de auxílio-moradia, salário farto e verbas para viagens. Mas sua ambição era maior: e se, além de não fazer nada, ele dispusesse uma equipe de puxa-sacos para lhe servir, além de cartão corporativo ilimitado, acesso irrestrito a churrascarias, jet skis, passeios de barco?

E mais: após ser preso e processado pelo Exército, se eleito se vingaria ridicularizando as Forças Armadas como nunca antes na história deste país. Mostraria que, até nisso, era melhor do que seu inimigo de infância Carlos Lamarca.

Mais ainda: subverteria a democracia brasileira com um golpe de mestre. Bolsonaro protagonizaria uma campanha eleitoral sem propostas, mas cheia de acusações e inimigos. Depois de eleito, mostraria que o inimigo era ele mesmo. Suas acusações, na verdade, revelavam quem ele é.

Ilustração de Débora Gonzales

Prometeu lutar contra os ladrões vermelhos enquanto ocultava cheques do Queiroz para ficar no azul. Prometeu lutar contra a roubalheira pra depois descredibilizar a Lava Jato e descartar Sergio Moro. Na sua lógica, a melhor forma de acabar com a corrupção é não investigar ninguém.

Prometeu terrorismo real para evitar um terrorismo imaginário. Mais armas pra conter a violência. Desmatamento pra preservar o meio ambiente. Privatizações pra inflar o Estado. Criou um esquema de propagação de informações distorcidas para supostamente combater um esquema de informações distorcidas.

Pra aniquilar a velha política nepotista que ocupou as capitanias hereditárias de Maranhão, Alagoas, Pará, entre outras, criou a capitania hereditária do Vivendas da Barra, cujo lema seria “Os filhos justificam os meios”.

Bolsonaro encontrou o clima perfeito pra seu plano em 2018. Conseguia ser ouvido porque tinha lugar de fala: mamou nas tetas públicas a vida inteira e tinha autoridade para criticar quem fazia o mesmo.

Era ousado. Mas, se desse certo, lhe permitiria gozar férias eternas, cheio de regalias, enquanto o país ficava paralisado, perplexo, tentando entender o que estava acontecendo. Jair Bolsonaro, como se sabe, resolveu se candidatar a presidente.

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Abrace um bolsonarista arrependido e, se possível, faça um cafuné https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2020/11/27/abrace-um-bolsonarista-arrependido-e-se-possivel-faca-um-cafune/ https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2020/11/27/abrace-um-bolsonarista-arrependido-e-se-possivel-faca-um-cafune/#respond Fri, 27 Nov 2020 12:58:26 +0000 https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/16064185045fc000481f4e7_1606418504_3x2_lg-300x215.jpg https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/?p=1462 Biden é o novo dia. De um novo tempo. Que começou.

Mesmo com o carisma de uma meia branca, Joe Biden rompeu o transe coletivo que escolheu a mentira, o ódio e a divisão como utopia.

Aqui no Brasil, muitos já despertaram do transe. Há bolsonaristas arrependidos nos quartéis, na política, na economia, na cultura e no seu grupo de família no WhatsApp.

As eleições municipais foram frustrantes para Russomannos, Crivellas, Wals do Açaí, Rogérias Bolsonaro. Nenhum candidato rasgou placa da Marielle. O discurso de “atirar na cabecinha” não soou irresistível. As acusações estapafúrdias de pedofilia para desacreditar adversários políticos foram rechaçadas.

Numa campanha importante, de repercussão nacional, Guilherme Boulos trouxe leveza, diálogo, humor e união. A esquerda saiu do reativo “ele não” e chegou com ideias.

Por isso, neste final de ano, abrace um bolsonarista arrependido. Se possível, faça um cafuné.

Débora Gonzales

Vamos iniciar um tempo de diálogo e afeto para trazer de volta a sanidade. É preciso que 2020 termine, de fato, no dia 31 de dezembro.

O bolsonarismo está minguando dia após dia. Vai ter gente, é claro, apoiando até o final. Mas também tem aqueles que, por teimosia, não querem dar o braço a torcer e precisam sentir um ambiente confortável para rever suas posições.

Espezinhar, apontar o dedo, desejar a morte e soltar o famoso “eu avisei” só reforça a polarização. É uma estratégia que favorece e alimenta o bolsonarismo e vai criar um cenário favorável para a reeleição.

Perdoar, além de ser bom, tem efeito positivo: forma uma base de eleitores que se sentem amparados para debater e formar uma segunda via.

Aceitar quem votou nos Bolsonaro e se arrependeu é uma coisa. Tolerar o bolsonarismo é outra.

Existe racismo no Brasil. Existe homofobia. Existe ciência de ponta no Brasil. O que não existe por aqui, ainda, é meritocracia. A Terra é redonda. Torturar é desumano. Armas de fogo não são o melhor caminho pra reduzir a violência. Bolsonaro não é de “fora do sistema”. Rachadinha é corrupção. O bom jornalismo é fundamental. Vacina é uma coisa boa. Fake news são uma praga.

Trazer o debate para a normalidade é a melhor maneira de combater o bolsonarismo. O transe está passando.

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