Renato Terra https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br Humor acima de tudo. Golden shower em cima de todos Wed, 01 Dec 2021 14:27:42 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Rejeitar ofertas da Pfizer deveria ser destaque olímpico em nada sincronizado https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/07/22/rejeitar-ofertas-da-pfizer-deveria-ser-destaque-olimpico-em-nada-sincronizado/ https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/07/22/rejeitar-ofertas-da-pfizer-deveria-ser-destaque-olimpico-em-nada-sincronizado/#respond Thu, 22 Jul 2021 20:00:43 +0000 https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/2021_07_22_Folha_RenatoTerra-blog-copy-300x215.jpg https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/?p=2012 Após afirmar que tem provas de que o quadro de medalhas será fraudado, o governo de Jair Bolsonaro sugeriu mudanças aos organizadores em Tóquio. “Essas Olimpíadas aí são uma propaganda comunista criada pelo PSOL e seu braço armado, o PT”, denunciou.

Em seguida, a Secretaria de Comunicação do governo apresentou uma série de novas modalidades aderentes ao zeitgeist bolsonarista. “Caso essas medidas não sejam adotadas, não haverá nenhum pódio nessa bagaça”, ameaçou Bolsonaro. Eis as novas modalidades.

Nada sincronizado

Esporte coletivo que se baseia na total falta de movimentos produtivos. Os atletas de ponta conseguem se manter inertes, imóveis e indiferentes aos temas mais relevantes. O Brasil se mostrou o maior expoente mundial em nada sincronizado e conseguiu índice olímpico ao rejeitar dezenas de ofertas de vacinas da Pfizer e prevaricar diante
de denúncias de corrupção.

Revezamento 48 x 2.000

Flávio Bolsonaro, fenômeno desta modalidade, detém o recorde mundial na transferência de 48 parcelas de 2 mil reais na boca do caixa eletrônico. É a grande esperança brasileira para faturar a medalha de nióbio.

Assaltos ornamentais

O Brasil mostrou que detém o talento e a malemolência para os assaltos ornamentais mais rebuscados. Ao negociar comissões para a compra de vacinas, os jurados foram unânimes em levantar as plaquinhas com a nota dez para o centrão. Referindo-se, claro, à comissão de 10%.

Ilustração de Débora Gonzales

Maratona antidemocrática

Uma tradição desportiva brasileira e de toda a América Latina. Sua chama é mantida acesa por atletas de ponta como Jair Bolsonaro, Abraham Weintraub e Roberto Jefferson. Uma equipe coesa, que mantém altos índices de ameaças institucionais e que está preparada para enfrentar delegações como as da Arábia Saudita, Mianmar, Coreia do Norte e Venezuela.

Arremesso de fake news

Esperança de pódio para o Brasil, que detém grandes centros de treinamentos bancados por grandes patrocinadores. Temos atletas capazes de arremessar fake news para além da borda da Terra.

Recondução de Aras

A passagem de bastão para o mesmo procurador-geral da República poderia estar alinhada com sua aptidão para o nada sincronizado. Mas, pela mobilização difusa que a recondução exige, ganhou uma modalidade própria.

Lançamento de foice e martelo

O objetivo da modalidade é difuso. Ganha quem construir a maior cortina de fumaça com o lançamento dos artefatos citados.

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Por que a Folha não divulga um salmo bíblico em vez dos escândalos de Bolsonaro? https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/07/08/por-que-a-folha-nao-divulga-um-salmo-biblico-em-vez-dos-escandalos-de-bolsonaro/ https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/07/08/por-que-a-folha-nao-divulga-um-salmo-biblico-em-vez-dos-escandalos-de-bolsonaro/#respond Thu, 08 Jul 2021 20:00:43 +0000 https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/2021_07_08_Folha_RenatoTerra-blog-copy-300x215.jpg https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/?p=1994 Para atenuar o bombardeio de escândalos envolvendo Jair Bolsonaro, esta coluna resolveu ceder à lógica da Secretaria de Comunicação do governo. Além de bater palmas para exaltar o extraordinário número de pessoas que se recuperaram da Covid-19, trago sete sugestões de assuntos que não têm lugar na imprensa.

1. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea, o Brasil possui mais de 10 milhões de funcionários públicos. Por que a imprensa não faz uma reportagem com empregados que não são obrigados a rachar os seus salários com os empregadores? Eles existem, a mídia é que insiste em dar notícia ruim.

2. Quantos contratos firmados para a compra de vacinas não tiveram pedidos de propina? Caso seja difícil encontrar um, poderia ser feita uma reportagem com um contrato inteiramente honesto, sem indício de corrupção, para
a compra de qualquer medicamento. Ou, sei lá, para a compra de Leite Moça. É só ter boa fé e um pouco de patriotismo!

3. Por que não fazer o perfil de um general do Exército que seja bom de logística? Fontes anônimas garantem, por exemplo, que o general Lourival J. da Costa e Silva, hoje na reserva, é um exímio administrador das quadras de futevôlei em Copacabana. Mas ficam batendo na tecla do Pazuello o tempo todo. Falta vontade para apurar.

4. Garanto que muitas das pessoas homenageadas por Flávio Bolsonaro não são milicianos. Este jornal deveria destacar as láureas bolsonaristas aos cânones da literatura, urbanistas visionários e empreendedores sociais que transformam para melhor a vida de quem realmente precisa.

Publicada em 8 de junho de 2021

5. Quantas pessoas não mandaram matar a Marielle? Isso não é notícia? O jornal e as redes sociais jamais exaltam a multidão de pessoas que não estão envolvidas nesse crime.

6. Por que o Jornal Nacional não abre o noticiário dizendo “Boa noite. Hoje não faltou luz na casa dos brasileiros”? É só notícia ruim! Aposto que quando chegar o racionamento eles vão noticiar logo na abertura

7. Em vez de destacar o aumento de preço do botijão de gás, da gasolina, do diesel, das compras de supermercado, por que a imprensa não divulga um salmo bíblico?

Uma enxurrada de boas notícias vai destravar as pautas importantes no Congresso, gerar empregos e fazer o Botafogo ser campeão da Libertadores da América.

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Leve a ideologia bolsonarista ao mercado de trabalho e revolucione seu mindset https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/06/10/leve-a-ideologia-bolsonarista-ao-mercado-de-trabalho-e-revolucione-seu-mindset/ https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/06/10/leve-a-ideologia-bolsonarista-ao-mercado-de-trabalho-e-revolucione-seu-mindset/#respond Thu, 10 Jun 2021 20:00:11 +0000 https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/2021_06_10_Folha_RenatoTerra-300x215.jpg https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/?p=1931 Apresento uma consultoria pioneira que vai produzir uma revolução em sua empresa: como adaptar a ideologia bolsonarista ao mercado de trabalho.

Em tempo recorde, você mudará o seu mindset para absorver o conceito do PENSAMENTO ESTRATÉGICO VIVO.

Com ele, você quintuplicará o seu patrimônio usando dinheiro VIVO. Receberá parte do salário de todos os seus funcionários em dinheiro VIVO.

A chave do sucesso é dominar a disruptiva arte da desinteligência emocional. Os desafios são encarados de forma anárquica e irresponsável, até que se crie um ambiente de imprevisibilidade patológica.

Enquanto todos estiverem atordoados e com medo, o gestor age de forma autoritária.

O primeiro passo é ressignificar as necessidades dos funcionários classificando-as como mimimi. Por exemplo: fulano quer faltar ao trabalho por motivo de doença. Deve-se afetar a voz e dizer: “Ain, peguei Covid. Ain, tô dodói”. Para logo depois falar grosso: “Pare de ser maricas e vem logo tabalhar, porra”.

A governança corporativa se guiará pela consagrada cultura da intimidação. Para tanto, empregue parentes de milicianos em sua folha salarial. Selecione delegados dispostos a intimar trabalhadores insatisfeitos.

A educação continuada deve sempre evocar a LIBERDADE para acabar com todos os direitos individuais. O funcionário é livre para comprar suas refeições da maneira que quiser e, portanto, não precisa de vale-refeição. É livre para escolher seu plano de saúde ou como quer se aposentar.

Ilustração de Débora Gonzalez para coluna de Renato Terra, publicada na Folha, em 10 de junho de 2021

Esse ambiente é propício para criar sua própria verdade dos fatos, também chamada NARRATIVA. Os grandes empresários do século 21 conseguem impor uma cultura em que os funcionários questionam fatos, jornais e notícias, mas acreditam piamente num vídeo anônimo mal editado que recebem pelo WhatsApp.

Por exemplo: se sua empresa tiver prejuízo, envie um vídeo pelo WhatsApp exaltando o PLACAR DA ECONOMIA, contabilizando o quanto foi economizado desde que os funcionários de bem passaram a levar água e cafezinho de casa. De quebra, edite uma fala do gestor da empresa rival dando a entender que ele é pedófilo.

Como mensagem principal, é fundamental criar a sensação de que o mundo corporativo é perverso e sua empresa rema contra a maré. Assim, o líder bolsonarista poderá demitir seus funcionários sem aviso prévio, sem fundo de garantia, sem nada.

E os demitidos o aplaudirão.

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O palestrinha de centro acadêmico quer se alinhar à esquerda, mas sua sensibilidade é uma cuia de barro https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/04/22/o-palestrinha-de-centro-academico-quer-se-alinhar-a-esquerda-mas-sua-sensibilidade-e-uma-cuia-de-barro/ https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/04/22/o-palestrinha-de-centro-academico-quer-se-alinhar-a-esquerda-mas-sua-sensibilidade-e-uma-cuia-de-barro/#respond Thu, 22 Apr 2021 17:00:24 +0000 https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/files/2021/04/2021_04_22_Folha_RenatoTerra-blog-300x215.jpg https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/?p=1816 Um palestrinha de centro acadêmico vai parar de ler esta coluna. É o suficiente para um julgamento definitivo. Decretará meu cancelamento. Não sem antes fazer um discurso.

Isso é muito grave. Estamos num momento tão crítico. Não é o momento de fazer humor. Não. Não precisamos falar sobre Rodrigo Hilbert. Não é o momento de celebrar Roberto Carlos, de cantar “Ragatanga” no chuveiro, de fazer cosquinha. Não.

O palestrinha de centro acadêmico mora na cobertura do Olimpo dos Imaculados. E sempre sobe de escada. De lá, usa o dedo em riste para flutuar organicamente numa bacia de leite com pera. Seu mundo não tem maldade, contradições, ruídos. Ele mesmo nunca colocou sal num café por engano. Seus cadarços nunca desamarraram.

No bolso da camisa de flanela cuidadosamente amassada, traz sempre uma procuração assinada por Brizola que lhe permite falar em nome do povo. E faz isso com frequência nas redes sociais. Qualquer assunto que não seja autorizado por ele está proibido. Quando o assunto está permitido, há que se verificar se a abordagem é a que ele julga correta.

Sua característica fundadora é a dissidência. Tende a se alinhar às pautas de esquerda, mas sua sensibilidade é uma cuia de barro que sempre cava com a intenção do rompimento.

Desiludiu-se com todo o movimento estudantil depois de discordar das interpretações sobre a luta de classes que um colega arriscava numa mesa de bar. Já foi guarani-kaiowá, mas rompeu com os povos indígenas. Brigou com Cyro Garcia por considerá-lo burguês. Abandonou um grupo progressista porque ninguém se ofendia com o fato de Marcelo Freixo morar no Leblon. Quebrou duas moviolas quando ouviu um elogio a Tabata Amaral. Deixou de frequentar churrascos por considerá-los um evento de direita.

Isolado em si mesmo, o palestrinha de centro acadêmico é uma ilha no vasto e plural território da esquerda. Mesmo assim, se tornou o guardião das pautas identitárias. Assuntos importantes só evoluem caso estejam em consonância messiânica com suas virtudes.

Ora é oráculo, ora é esfinge.

Debates fundamentais têm dono, território e burocracia. O humor está morto abraçado com a farofa da autoironia. A lente de aumento está voltada para o umbigo. Isso é muito grave. Estamos num momento tão crítico.

A sociedade, com jeitinho, pede permissão para progredir. Especialmente a esquerda.

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Governo Bolsonaro parabenizaria o centenário da Folha negando o centenário da Folha https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/02/25/governo-bolsonaro-parabenizaria-o-centenario-da-folha-negando-o-centenario-da-folha/ https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2021/02/25/governo-bolsonaro-parabenizaria-o-centenario-da-folha-negando-o-centenario-da-folha/#respond Thu, 25 Feb 2021 19:36:41 +0000 https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/files/2021/02/2021_02_26_Folha_RenatoTerra-blog-300x215.jpg https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/?p=1658 O centenário da Folha colecionou centenas de aspas ilustres nas páginas da Folha. Todos os colunistas da Folha parabenizaram a Folha pelo centenário da Folha.

Aqui nesta coluna, como de costume, você encontra algumas declarações que nunca foram feitas.

Jair Bolsonaro: “Tenho provas de que venci as eleições no primeiro turno e de que a Folha não tem esses 100 anos que estão dizendo aí. Mais uma fake news! Destaquei o general Pazuello pra ajudar na logística de recontagem disso aí”.

Eduardo Bolsonaro: “STOP THE PARABÉNS”.

Flávio Bolsonaro: “Não são 100 anos. Mas 50 aniversários de dois anos”.

Carlos Bolsonaro: “O centenário teatro das tesouras volta a agir mais descarado: os traíras vermelhos com seus porcarias sopram as velinhas com seus gulosinhos biografados! Os brigadeiros levam bolo. Com quem será que a Folha vai casar?”.

Adriano Machado/Reuters

Olavo de Carvalho: “A Folha é redonda”.

Allan dos Santos: “A informação que recebi AGORA é MUITO BOA. Assustadora, mas é boa. Ainda preciso verificar os detalhes, o resumo é esse: a Folha nunca foi fundada, mas quer provar a fraude de que tempo e espaço são relativos e estão profundamente entrelaçados. Para provar, precisou ‘deixar’ Pondé ‘agir’”.

Alexandre Garcia: “O ano 100 é o ano. Não é antes do ano nem depois do ano. Antes do ano é uma antecipação que pode ser prejudicial. Depois do ano é engano. Vai ser no ano”.

Damares Alves: “A Cecília Meireles vai voltar pra acordar a Tati Bernardi com um beijo gay”.

Ernesto Araújo: “Eu é que não me sento no trono de um apartamento com a Folha Ilustrada cheia de Laertes esperando o lockdown passar. Porque longe das velas enfileiradas que iluminam umbrais, no cume calmo do meu olho que vê assenta a sombra sonora dum disco voador”.

Ricardo Salles: “Parabéns pelo uso industrial de papel pelos últimos 100 anos”.

Rodrigo Constantino: “100 anos é pouco! Dá bilhão? Não”.

Augusto Nunes: “E o PT? Nunca chegará aos 100 anos”.

Alta cúpula do Exército: “100 colheres de Leite Moça. 3 xícaras de farinha transportada de avião. 3 ovos. 64 colheres de vaselina. Deixe ferver por 21 anos até ferver a dívida externa”.

General Mourão: “Parabéns ao jornal Folha de S.Paulo pelos 100 anos de jornalismo combativo e plural”.

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2021, pisa devagar https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2020/12/31/segunda-temporada-de-2020-comeca-depois-do-reveillon/ https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2020/12/31/segunda-temporada-de-2020-comeca-depois-do-reveillon/#respond Thu, 31 Dec 2020 20:00:17 +0000 https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/files/2020/12/411219cf3f12239164f8dd5ee55a51aa57bfa7280ba532c41c46960bf961f538_5fedfe0c14b7f-300x215.jpg https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/?p=1534 “Meu bem, guarde uma frase pra mim dentro da sua canção/ esconda um beijo pra mim sob as dobras do blusão/ eu quero um gole de cerveja/ no seu copo, no seu colo e nesse bar.”

A canção “Coração Selvagem”, de Belchior, soa mais  adequada para anunciar a chegada de 2021. Aquela tradicional, que dá adeus ao  “ano velho” e almeja um “feliz Ano-Novo” soa tão sincera quanto a cor do cabelo do general Hamilton Mourão.

E o que é pior: a tradicional canção de Réveillon composta por David Nasser e Francisco Alves profetiza, como numa praga: “Que tudo se realize no ano que vai nascer”.

Além disso, é incontestável que os seus versos não cumprem o que prometem. “Muito dinheiro no bolso” de quem? Quem desejou “saúde pra dar e vender” na virada de 2019 para 2020 sabe do que estou falando. Todos os anos repetimos a mesma ladainha e o mundo foi parar onde está.

A segunda parte, menos conhecida, ainda incorre na ousadia de desejar “para os solteiros, sorte no amor/ nenhuma esperança perdida/ para os casados, nenhuma briga/ paz e sossego na vida”.

“Meu bem, mas quando a vida nos violentar/ pediremos ao bom Deus que nos ajude/ falaremos para a vida/ vida, pisa devagar, meu coração, cuidado, é frágil/ meu coração é como um vidro, como um beijo de novela.”

Não se sabe ainda se 2021 será uma ressaca de 2020.  Ou uma nova temporada, com mais orçamento, mas com os mesmos atores.

O ano de 2019 se impôs como um bode na sala. Em 2020, a impressão é de que o bode saiu. Mas saiu correndo, assustado, quando as dezenas de cabeças de gado chegaram à sala para nos acompanhar durante o confinamento. Impossível passar um dia sem ouvir mugidos.

Não sabemos ainda se 2021 será a vez de os jacarés sentarem em nossos sofás ou se voltaremos a viver na companhia de animais domesticados.

“Mas quando você me amar/ me abrace e me beije bem devagar/ que é para eu ter tempo, tempo de me apaixonar/ tempo para ouvir o rádio no carro/ tempo para a turma do outro bairro ver e saber que eu te amo.”

É o caso de desejar mais copo, mais colo e mais bar. Mais tempo para ouvir o rádio do carro. Mais tempo. Ou, ao menos, ambicionar o fim desse peso que nos fere as costas.

Ano passado eu sobrevivi. Mas esse ano eu sobrevoo.

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Abrace um bolsonarista arrependido e, se possível, faça um cafuné https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2020/11/27/abrace-um-bolsonarista-arrependido-e-se-possivel-faca-um-cafune/ https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/2020/11/27/abrace-um-bolsonarista-arrependido-e-se-possivel-faca-um-cafune/#respond Fri, 27 Nov 2020 12:58:26 +0000 https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/16064185045fc000481f4e7_1606418504_3x2_lg-300x215.jpg https://renatoterra.blogfolha.uol.com.br/?p=1462 Biden é o novo dia. De um novo tempo. Que começou.

Mesmo com o carisma de uma meia branca, Joe Biden rompeu o transe coletivo que escolheu a mentira, o ódio e a divisão como utopia.

Aqui no Brasil, muitos já despertaram do transe. Há bolsonaristas arrependidos nos quartéis, na política, na economia, na cultura e no seu grupo de família no WhatsApp.

As eleições municipais foram frustrantes para Russomannos, Crivellas, Wals do Açaí, Rogérias Bolsonaro. Nenhum candidato rasgou placa da Marielle. O discurso de “atirar na cabecinha” não soou irresistível. As acusações estapafúrdias de pedofilia para desacreditar adversários políticos foram rechaçadas.

Numa campanha importante, de repercussão nacional, Guilherme Boulos trouxe leveza, diálogo, humor e união. A esquerda saiu do reativo “ele não” e chegou com ideias.

Por isso, neste final de ano, abrace um bolsonarista arrependido. Se possível, faça um cafuné.

Débora Gonzales

Vamos iniciar um tempo de diálogo e afeto para trazer de volta a sanidade. É preciso que 2020 termine, de fato, no dia 31 de dezembro.

O bolsonarismo está minguando dia após dia. Vai ter gente, é claro, apoiando até o final. Mas também tem aqueles que, por teimosia, não querem dar o braço a torcer e precisam sentir um ambiente confortável para rever suas posições.

Espezinhar, apontar o dedo, desejar a morte e soltar o famoso “eu avisei” só reforça a polarização. É uma estratégia que favorece e alimenta o bolsonarismo e vai criar um cenário favorável para a reeleição.

Perdoar, além de ser bom, tem efeito positivo: forma uma base de eleitores que se sentem amparados para debater e formar uma segunda via.

Aceitar quem votou nos Bolsonaro e se arrependeu é uma coisa. Tolerar o bolsonarismo é outra.

Existe racismo no Brasil. Existe homofobia. Existe ciência de ponta no Brasil. O que não existe por aqui, ainda, é meritocracia. A Terra é redonda. Torturar é desumano. Armas de fogo não são o melhor caminho pra reduzir a violência. Bolsonaro não é de “fora do sistema”. Rachadinha é corrupção. O bom jornalismo é fundamental. Vacina é uma coisa boa. Fake news são uma praga.

Trazer o debate para a normalidade é a melhor maneira de combater o bolsonarismo. O transe está passando.

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