Como seria o tradicional amigo secreto do governo Bolsonaro?

O meu grande amigo secreto mora em Brasília e foi o organizador secreto deste amigo secreto. Ele votou a favor do governo na PEC dos Precatórios. É um filho dedicado. Sem avisar ninguém, fez uma surpresa: conseguiu verba secreta pra cidade em que o pai é prefeito.

O meu novíssimo amigo secreto admitiu ter recebido dinheiro de caixa dois do PT e renunciou para não ter seu mandato cassado. Não adiantou muito. Foi condenado à prisão pelo STF por corrupção e lavagem de dinheiro no mensalão. É um filho dedicado. Começou a carreira como chefe de gabinete quando seu pai era prefeito de Mogi das Cruzes.

O meu famoso amigo secreto foi preso em Atibaia. Adora negociar carros usados. Ano passado, ganhou um bonequinho do Tony Montana no rouba-presente. É cara que tem hábitos antigos. Ainda usa cheques, por exemplo. Sua cor preferida é o laranja.

O meu nobre amigo secreto também adora carros. Antigamente, curtia pilotar um Fiat Elba, mas hoje coleciona modelos de luxo. Em 2015, teve uma Ferrari e uma Lamborghini apreendidas pela Polícia Federal. Ah, ele também sofreu impeachment e confiscou a poupança dos brasileiros.

O meu pimpolho amigo secreto é um prodígio do mercado imobiliário. Construiu um patrimônio colossal comprando apartamentos e casas em dinheiro vivo. Hoje vive numa mansão de R$ 6 milhões.

O meu mezzo amigo secreto é uma pessoa com nervos de aço que nutre os sentimentos mais primitivos pelos corruptos. Foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo STF. Foi cassado em 2005 pela Câmara dos Deputados. Em agosto de 2021, foi preso de novo.

O meu fiel amigo secreto é 10% de mim no Supremo Tribunal Federal.

O meu velho amigo secreto gostava de cantar “Se gritar ‘pega centrão’, não fica um meu irmão”. Mas hoje diz que “O centrão era uma atividade metafórica”. Gosta de passar as horas vagas como um minucioso comentarista do Twitter.

Ilustração de Débora Gonzales

O meu oráculo e amigo secreto administra a economia pública do Brasil e bota sua economia privada fora do Brasil. Esse sabe muito.

Para celebrar o sucesso do meu amigo secreto, aumentei os gastos sigilosos com cartão corporativo, escondi minha carteira de vacinação no sapato, elevei para 200 anos o sigilo do julgamento que absolveu o general Eduardo Pazuello e para 500 anos o sigilo do processo que autorizou a matrícula de minha filha no Colégio Militar sem passar por processo seletivo.